terça-feira, 10 de agosto de 2010

Praia

-Eu queria poder retribuir. – disse, e tirou os lábios insensíveis de perto daquela orelha, onde o sol batia, parcialmente impedido pelo poste que estava na tangente da rua. Ela baixou os olhos com certa razão. Se é que há razão em algo. Enquanto ela procurava algo para prender o olhar, correndo os olhos rapidamente pelo painel, desatou o cinto e ouviu-se o barulho staccato da porta abrindo. Não disse mais nada e saiu.


Qualquer forma de amor é insensata e, tudo aquilo que se acha de mais puro sentimento, provavelmente não é amor. Dar nome às coisas, sintetizá-las e universalizá-las no senso comum não as abrange o sentido. A vaidade de saber tudo acaba por insensibilizar qualquer percepção e vivência.

Couto girou a chave e se separou do mundo. Passou a mão pelo cabelo enquanto cobria com outros pensamentos aqueles que queria evitar.

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