terça-feira, 9 de novembro de 2010

Poemeto

Eu era uma sensação adquirida.
Várias sensações adquiridas.
Sensações, no ocaso, já parcialmente dissolvidas no sangue.
Transmutadas em seus efeitos colaterais,
que eram brandos.
Havia luz lá fora
E as pessoas, em algum lugar da calçada, já reclamavam na entonação típica dos dias de semana. 
Suas cabeças submersas em idiotia perpétua,
mastigando decisões ruins de seus passados.
Eu nem ousava reclamar,
para evitar que meu próprio hálito compusesse o ar já carregado do ambiente
e, além do mais, eu era só uma sensação adquirida.
Foi forçoso levantar.
Meus olhos no espelho refletiam o que fora outrora um sorriso desesperado e constante;
relevei.
Meu cérebro latejava.
Minhas ideias retorciam-se num pandemônio típico dos dias seguintes.

Arrependi-me das súplicas de amor revestidas de tédio da véspera.
Meu espírito latejava e a cafeteira sabotava o silêncio aparente;
as janelas estavam fechadas
mas um ruído abafado ainda transcendia a superfície.

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