sábado, 26 de fevereiro de 2011

La Bureaucratie

Atravesso as portas giratórias ouvindo absurdos genéricos sobre a existência.
Os guardas armados se distraem com as morenaças e eu posso tomar de assalto toda a frustração do mundo.
As asperezas vagueiam nos elevadores de impaciência,
Divisórias permanecem tranquilas discutindo Camus enquanto burocratas eunucos trafegam e tramitam suas preces.
Há mulheres deslizando em suas advertências e homens de aparência apressada e, paradoxalmente, autocrática.
Nada compõe mais absurdamente o ambiente que as secretárias arrogantes sentadas sobre as graduações alheias e observando seus impérios com desprezo.
Ad infinitum os telefones tocam imbecis, planilhas compreendem a mácula da raça humana e os supervisores subtraem das prateleiras sujas o último remédio para o tédio eterno de existir.

Os setores se empurram uns aos outros dos precipícios tardios.
Colinas se abrem no horizonte através do vidro pelo qual imaginam arremessar-se os infelizes duendes do funcionalismo.
Os leitos estão vazios pois ninguém se dá ao trabalho de realmente adoecer.
As semanas sangram nos meio-fios escorregadios e o Deus-Sol é ovacionado ao beber seu sangue.
Não há contradição na apatia.
Flatline. Flatline. Flatline.

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