quarta-feira, 15 de junho de 2011

Para ler dormindo.

    Estão todos certos; estão todos errados. Sonos profundos, concomitantes roncares sinceros.Cada percepção, após o despertar, a maior expressão da verdade. No entanto, carregam o peso dos seus anos e dos milênios alheios; os bolsos são pequenos para as mãos inquietas e não há papel no mundo que baste para transcrever seus pensamentos, porque quem vela o sono de um, vela o sono de todos.
    Hoje, quando retirarem-se magoados de seus galpões ensopados de lembranças pesadas, desfalecerão à alvorada calma e vil que virá os cegar. Verão, pois, o ontem denovo, e, sem saber, verão também o amanhã. Estarão amaldiçoados por seus companheiros eternos: passado e especulações. Presos no eterno tubo helicoidal do tempo que povoam sem saber porquê. Em cada canto estarão condenados a ver a si mesmos, e em cada novidade, o óbvio.

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