terça-feira, 26 de abril de 2011

Louros

Uma inspirada profunda
e os olhos se fecham no incessante ruído da urbe,
não mais me cega o sol outonal e vem,
tímido, em gotículas, o vento me refrescar os braços.
Aos olhos se decompõem a rua e os semáforos;
e um sinal aberto é sempre um bom sinal.
Seguem, matinais, as pernas cobertas de jeans,
alternando-se convictas e tensas.
A brisa não causa comoção
e quase não há brisa onde esta ainda comove.
É natural aprazer-me as coisas naturais
e delas subtrair a verdadeira existência;
mas como decantar o mundo ou pô-lo em repouso?
ou livrar-me do paradoxo de que tudo é natural e nada é natural?
Eu sou você, na mesma proporção que você é você.
Vivo neste planeta e mereço tudo que dele advém;
não merecesse, por que haveria de, em todo ele, viver?

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