segunda-feira, 25 de abril de 2011

Monstro

Seu cérebro contém mil vontades e desejos irrealizáveis;
pela traquéia saem mil contradições humanas, todas aceitas e reprimidas.
No estômago guarda a miséria dos crentes e a saciedade dos clérigos.
Mil pragas açoitaram a pele e mil brisas lhe vieram refrescar da ardência.
Nos braços: fábricas, forjas, arados
repetindo os mesmos movimento e obra, denominando-os diversamente.
Seus pés feitos de carruagens, foguetes, carros e cavalos
rumando, sem cessar, para a incerteza.
Nos olhos amontoam-se as cameras, os televisores e a poesia,
que apontam para todos os lados,
distraídos e hedônicos, estão obcecados pela trajetória.

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