Não vejo mais os lírios de antigamente
Não pereciam a qualquer geada
Ou enrubesciam ao roubar da chuva.
Não sinto mais o cheiro de anteontem,
O gosto amargo do rio de passadas águas
Meu paraíso desfez-se em passado e trapos,
Não há jangadas que me tirem do horror impuro.
Eu quero lírios pra dar-te no novo dia,
Já não se nascem outros como de outrora,
Minha pretensão é crua e malevolente,
Como um desejo imerso no cego orgulho.
Contemplas casas e dizes que serão suas,
Eu choro e lembro a casa de antigamente,
Aroma doce, hortênsias e hortelãs;
Que trasanteontem já cria não ser mais minha.