sexta-feira, 29 de julho de 2011

Máscara

As pedras da calçada são postas alinhadas
para esconder desvios evidentes;
para evitar pausas (sóbrias frases não ditas no caminho)
adiadas até o canto do próximo passarinho.

E as construções que engolem as estrelas -
assim como o progresso, as luzes, os redemoinhos de crédito -
inclinam-se convictas sobre as cabeças baixas,
que procuram na noite, na calçada e nos próprios bolsos
um vórtice que as engula e não pergunte quanto.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Morte Romântica #1


As estrelas me atravessavam como se eu fosse nada. Ou, posso dizer, eu as atravessava. Aquilo que vivi já venho esquecendo. Meu corpo se desmaterializou e nem lembro como era antes. É um silêncio incompreensível aqui. Não há colisões nem eclipses. Eu vejo tudo como se eu fosse só meus olhos estáticos numa caveira sem músculos. Não tenho mais aptidões nem reflexos. Não lembro de ter testemunhado o colapso do meu corpo. As sutilezas da existência não mais me afogam.