quarta-feira, 15 de junho de 2011

Poema complementar. Como traçar um andróide!

Andróides copulam; tentam multiplicar a apatia humana.
Servem-se dos restos de existência jogados sobre os relógios acelerados.
Põem-se inertes na presença da senhoria, indivíduos autômatos, sentimentos sintéticos.
Copulam nos intervalos, nas audiências de grandes processos.
Os ventiladores afagam suas ombreiras;
milhares de trodos: burocracias do amor.
A matemática do prazer carnal, do prazer despido, da súbita mudança de endereço.
Uma nova parceria. Um fluido sabor metano.

Para ler dormindo.

    Estão todos certos; estão todos errados. Sonos profundos, concomitantes roncares sinceros.Cada percepção, após o despertar, a maior expressão da verdade. No entanto, carregam o peso dos seus anos e dos milênios alheios; os bolsos são pequenos para as mãos inquietas e não há papel no mundo que baste para transcrever seus pensamentos, porque quem vela o sono de um, vela o sono de todos.
    Hoje, quando retirarem-se magoados de seus galpões ensopados de lembranças pesadas, desfalecerão à alvorada calma e vil que virá os cegar. Verão, pois, o ontem denovo, e, sem saber, verão também o amanhã. Estarão amaldiçoados por seus companheiros eternos: passado e especulações. Presos no eterno tubo helicoidal do tempo que povoam sem saber porquê. Em cada canto estarão condenados a ver a si mesmos, e em cada novidade, o óbvio.

domingo, 12 de junho de 2011

Setenta e três

nós que não sabemos os dias dos santos,
os feriados nacionais e os hinos da comunidade;
somos as crianças a titubear no mundo.
estamos podres de momentos felizes.