quinta-feira, 10 de março de 2011

Japas

Quero deitar no auge dos anos oitenta e olhar para você numa crise de antropofobia:
Onde colônias humanas se retraem nas segundas-feiras estéreis;
Onde japas sanguessugas destroem os condomínios de culturas obsoletas;
Onde os sábados são nauseabundos e os suicídios controlados;
Onde é imoral discutir em sobriedade sobre a frustração da existência.

Os mágicos congelam a audiência em estado de êxtase.
As pombas trafegam sob os automóveis emocionalmente envolvidos.
Janelas escondem o que é abstrato na rua e os amantes se jogam dos meios-fios dentro dos sinais vermelhos.

Reféns do mainstream deleitam-se na comodidade das poltronas razoavelmente confortáveis em seus apartamentos ainda não entregues,
Sorriem para suas etiquetas bordadas numa senzala asiática infestada de fumaça de incenso e cigarros baratos,
Percebem sua disfunção sináptica e culpam todos os governos do mundo,
Despem-se nos corredores das franquias estrangeiras e exibem-se nas vitrines domésticas com seus pertences restaurados.